Já acompanho ao vivo o Peter Murphy, quer a solo, quer com os Bauhaus, há mais de 20 anos. E até agora, apesar de a partir do Deep de 1990 a criatividade ter vindo a diminuir, os concertos eram sempre momentos de celebração pura, havendo uma comunhão perfeita com o público. Aliás, o Peter nunca escondeu o enorme prazer que tinha em vir tocar a Portugal, e o público sempre correspondeu da mesma forma. Não foi, no entanto, o que se passou neste último concerto do Peter Murphy por Lisboa (acredito que no Porto o concerto tenha sido mais “quente”).
Foi assim um concerto morno, aquele que presenciamos no passado dia 2. Não porque a postura do Peter tenha mudado. Continua comunicativo como sempre, e a dar tudo o que tem e que não tem. 5 estrelas para a postura em palco. O que aconteceu foi que o alinhamento do concerto baseou-se muito no último álbum, Ninth. Por um lado, ainda é desconhecido de uma boa parte do público e que portanto acolhe as músicas de uma forma mais morna. Por outro, não é o álbum mais feliz da sua carreira, e está longe, muito longe de álbuns como Should the world fail to fall apart ou Love hysteria.
O concerto iniciou-se logo com a faixa de abertura do último álbum, Velocity bird, a que se seguiu Peace to each, também deste álbum. Ainda estavam os motores a aquecer e surge o primeiro dos contratempos, com alguns problemas técnicos, que também acabaram por influenciar a própria prestação do Peter, e que não escondeu o seu desagrado por esta situação.
Ultrapassados os problemas técnicos, veio uma das ovações da noite para Hurt, original dos Nine Inch Nails. E continuando numa toada calma, foi tocado o primeiro dos temas dos Bauhaus que tivemos o privilégio de ouvir, All we ever wanted, com o Peter a mostrar todo o seu virtuosismo na viola.
Seguiram-se mais alguns temas do novo álbum, intercalados com outros temas de alguns dos álbuns mais recentes, e até o Silent hedges, dos Bauhaus, além de muita conversa com o público. Mas foi tudo muito morno (para não dizer chato).
O Peter decidiu então dar um novo rumo à noite, e fê-lo da melhor maneira com o primeiro single do Ninth. Apesar do álbum estar uns furos abaixo do que aquilo que o Peter já fez e consegue fazer, o tema I spit roses é mesmo muito bom e tem tudo para vir a ser mais um clássico. Aliás, a forma como o público reagiu aos primeiros acordes do tema (e não o fez com mais nenhum deste novo álbum), mostra o apreço que tem por esta música.
De seguida mais uma ovação, com mais 2 temas de Bauhaus, She’s in parties e In the flat field, e aqui sim, finalmente o público a entrar em delírio.
Setlist:
1. Velocity bird
2. Peace to each
3. Hurt
4. All we ever wanted was everything
5. Memory go
6. Disappearing
7. Silent hedges
8. Subway
9. Gaslit
10. His circle and hers meet
11. Black stone heart
12. I´ll fall with your knife
13. I spi roses
14. She´s in parties
15. In the flat field
16. All night long
17. Cuts you up
18. A strange kind of love / Bela Lugosi's dead
19. The Prince & old Lady shade
20. Uneven and brittle
Disseste praticamente tudo, longe de ser o melhor concerto de Peter, vale por vezes pelo carisma e pela simpatia.
ResponderEliminarProblemas tecnicos estragaram umpouco o show e penso que no Porto correu melhor.
Abraço.
Infelizmente, desta vez, não posso dizer nada quanto à prestação do Peter Murphy aqui no norte, mas pelo que consta foi um pouco melhor do que aí em Lisboa. Dou-me por feliz por o ter visto o ano passado em Évora. Não era com certeza o melhor espaço,não tinha o melhor som, mas a mim soube-me pela vida. Era a primeira vez que o estava a ver.
ResponderEliminarObrigada André!;)
Bjs
Obrigado pela partilha.
ResponderEliminarAntónio Caeiro