sexta-feira, julho 30, 2010

The Go-Betweens

É ainda com muita saudade que nos lembramos de Grant McLennan, fundador de uma das melhores bandas pop de sempre, os The Go-Betweens. Nasceram na distante Austrália, terra já habituada a grandes excelentes (The Church, Triffids, Nick Cave, etc.).

Vi-os pela primeira vez em 1989, na Estufa Fria, num concerto memorável mas prejudicado pelo deficiente som e acústica da sala. 14 anos depois voltei-os a ver no Garage num concerto que me encheu completamente as medidas e que inclusive deu para travar conhecimento com todos os elementos da banda, que eram de uma simpatia extrema.

Lembro-me ainda de nos anos 80 andar a comprar por atacado os discos da banda em Espanha, já que era impossível arranjá-los por cá...

Biografia e discografia:

Os primeiros passos da banda foram dados ainda nos anos 70, com 3 singles entre 1978 e 1980, Lee Remick, People say e I need two heads.

Os anos 80 começam com mais um single, Your turn, my turn, sendo este o primeiro registo vídeo da banda.



Em 1982 a banda lança mais um single, Hammer the hammer, logo seguido do álbum Send me a lullaby, muito aclamado pela crítica.

1983 traz-nos o álbum Before Hollywood, e os singles Mansand to girlsea e Cattle and cane. Este último é um dos muitos pontos altos da banda e uma melhores faixas dos Go-Betweens. Vale a pena ver e rever o vídeo.



Apesar de ser de 1983, o single Mansand to girlsea faz a apresentação do álbum de 1984 Spring Hill Fair. Este álbum deu-nos ainda mais 2 singles, Part Company e este Bachelor Kisses.



Não obstante a grande qualidade do seu trabalho, o sucesso comercial ficou aquém do esperado, pelo que a banda fez então uma pausa de 2 anos, lançando apenas uma compilação, Metal and Shells, e 2 EP´s, The Able Label Singles e The Peel Sessions.

1986 é um ano de viragem. Com o lançamento do álbum Liberty bell and the black diamond express, e especialmente dos singles Spring rain e Head full of steam, finalmente tornam-se conhecidos no meio mais mainstream. O álbum tinha ainda belíssimas faixas tais como In the core of the flame, ou the wrong road, que sempre fizeram delirar o público nos concertos dos Go-Betweens.





Em 1987 chega aquele, que na opinião dos fans, é o melhor trabalho da banda, Tallulah. Praticamente cada música do álbum poderia dar por si só um single. Faixas como Right Here, You tell me, The house that Jack Kerouac built, Bye bye pride ou The Clarke sisters são do mais divinal que a pop já fez. Era dificil no meio de tanta coisa boa escolher os singles a sairem deste álbum. Foram eles Right here, Cut it out, I just get caught out e Bye bye pride.

Por curiosidade, The house that Jack Kerouac built foi a última música que os The Go-Betweens tocaram em Portugal, a pedido especial do público (o Grant McLennan confessou-me mais tarde que esta música não estava sequer prevista no alinhamento do concerto).





Depois de lançarem uma obra prima como Tallulah, as expectativas ficaram muito elevadas. E que fizeram os Go-Betweens? Simplesmente lançaram um álbum com a mesma genialidade, aliando-o ainda ao sucesso comercial. O álbum foi o 16 lovers lane, considerado pela maioria das revistas da especialidade como o melhor disco de 1988. Quem não se lembra de músicas como as que resultaram nos singles Streets of your town, Was there anything I could do? e Love goes on!. Foi por esta altura que vieram pela primeira vez a Portugal, enchendo a sala da Estufa Fria.







Depois de todo este sucesso, a banda decide então acabar e os seus elementos dedicarem-se aos seus projectos a solo, apenas com sucesso relativo. São lançadas algumas compilações, 1978 to 1990 e Bellavista terrace, e álbuns ao vivo, Live on SNAP with DeirdreDonaghue e 16 lovers lane acoustic demos edição rarissima da revista francesa Les Inrockuptibles), e ainda um documento importante, '78 til '79: the lost album, com as primeiras faixas gravadas pelos Go-Betweens.

Em 2000 os The Go-betweens reunem-se para um segundo fôlego. Lançam o belíssimo álbum The friends of Rachel Worth e os singles Going blind e Surfing magazines. Vêm ainda a Portugal apresentar uns prémios de música tocando essas 2 músicas mais o magnífico The clock.



2003 traz-nos a os Go-Betweens de volta a Portugal e mais um álbum, por sinal o menos conseguido na carreira deles. Foi o Bright yellow bright orange e deu-nos o single Caroline and I.



Finalmente em 2005 a banda lança o último álbum de originais, Oceans apart, recuperando algum do brilho angariado anteriormente. Saíram mais 2 singles, Finding you e este Here comes a city.



Antes da banda dar por concluída as suas actividades com a morte do Grant McLennan, ainda houve tempo para o lançamento de mais um álbum ao vivo, Live in London, um DVD, That stripped sunlight sound (fabulosa peça para coleccionadores), e o single Worlds Apart EP.

E assim terminou uma das mais brilhantes bandas pop de sempre...

Álbuns:
Send Me a Lullaby (1982)
Before Hollywood (1983)
Spring Hill Fair (1984)
Liberty Belle and the Black Diamond Express (1986)
Tallulah (1987)
16 Lovers Lane (1988)
The Friends of Rachel Worth (2000)
Bright Yellow Bright Orange (2003)
Oceans Apart (2005)

Compilações:
Very Quick on the Eye (1981/2002)
Metal and Shells (1985)
1978–1990 (1990)
Bellavista Terrace: Best of The Go-Betweens (1999)
78 'til 79 the Lost Album (1999)

Álbuns ao vivo:
Live on Snap with Deirdre O'Donoghue (1999)
Live in London (2005)
That Striped Sunlight Sound Live CD/DVD (2006)

EP´s e singles:
Lee Remick (1978)
People Say (1979)
I Need Two Heads (1980)
Your Turn, My Turn (1981)
Hammer the Hammer (1982)
Cattle and Cane (1983)
Man O'Sand to Girl O'Sea (1983)
Bachelor Kisses (1984)
Part Company (1984)
The Able Label Singles (1986)
Spring Rain (1986)
Head Full of Steam (1986)
Right Here (1987)
Cut It Out (1987)
I Just Get Caught Out (1987)
Bye Bye Pride (1987)
Streets of Your Town (1988)
Was There Anything I Could Do? (1988)
Love Goes On! (1988)
The Peel Sessions (1989)
Going Blind (2000)
Surfing Magazines (2001)
Caroline and I (2003)
Here Comes a City (2005)
Finding You (2005)
Worlds Apart (2005)

quarta-feira, julho 28, 2010

Cantigas do Maio


Cantigas do Maio, foi um dos mais importantes Festivais de Musicas do Mundo que se realizou em Portugal.

Este evento era organizado pela Associação José Afonso (AJA), com diversos apoios e colaborações e realizava-se, inicialmente em Setúbal. Depois, passadas duas edições o Cantigas do Maio assentou arraiais no Seixal. Ai até à sua extinção, em 2002, fez as delícias dos muitos amantes, e não só, deste género de música. Este evento começou a fazer parte da agenda de muitas pessoas que por alturas de Maio/Junho se dirigiam ao Seixal.

Pelos palcos do Seixal, ao longo de 13 edições, realizaram-se mais de 100 concertos de artistas portugueses e estrangeiros.

No entanto a edição de 2002 viria a ser a última, realizando-se em 2003, só e apenas, um espectáculo na Aula Magna, em Lisboa denominado "Afirmar Cantigas do Maio" e em que participaram Samir e Vissan Joubran (Palestina) e Uxia (Galiza).

Ao que consta foram 60 mil euros que separaram a Autarquia do Seixal e a Associação José Afonso para a continuidade daquilo que era mais do que um simples festival de música.

Para a memória futura (do Seixal de outros tempos) fica a lista de artistas, organizada por edição, que, e com uma breve análise se pode verificar a quantidade e qualidade dos mesmos.

1989
Grallers de l'Accord (Catalunha)
Debadoiro (Galiza)
Américo Augusto Rodrigues e
D. Lucia (Portugal)
Banda Fraternidade Grandolense (Portugal)
Banda Amizade Visconde d'Alcácer (Portugal)
Cramol (Portugal)
Carlos Paredes (Portugal)
Kiss Tamas (Hungria)
Luís Pastor (Espanha)
Brigada Victor Jara (Portugal)
Julinho da Concertina (Portugal)
Armindo Mizalak e Samuel Samorosa (Angola)
Bleizi Ruz (Bretanha)
Sérgio Godinho (Portugal)
Bulimundo (Cabo Verde)

1990
Duo Tchisossi (Angola)
Issabari (Guiné Bissau)
Tuna de Carvalhais (Portugal)
Bombos de Lavacolhos (Portugal)
Pauliteiros de Miranda (Portugal)
Rádio Macau (Portugal)
Joe e Antoinette Mc Kenna (Irlanda)

1992
Grupo Coral "Os Amigos do Cante" (Portugal)
Grupo de Tocadores de Viola Campaniça (Portugal)
Tuna de Carvalhais (Portugal)
Batuke Finka-Pé (Cabo Verde)
Baba Canuté (Guiné-Bissau)
Grupo Rimay (Equador)
Emílio Cao (Galiza)
Orquestina del Fabirol (Espanha)

1993
Cantares ao Desafio (Portugal)
Coro de Adufes da Penha Garcia
e Catarina Chitas (Portugal)
Alfolíes (Galiza)
João Afonso (Portugal)
Matto Congrio (Galiza)
Orkest de Volharding (Holanda)
Paco Ibañez (Espanha)
Kolà San Jon (Cabo Verde)
Cantares de Manhouce (Portugal)
Grandes Vozes Búlgaras (Bulgária)

1994
Grupo Coral "Os Camponeses de Pias" (Portugal)
Grupo Coral "Os Ganhões de Castro Verde" (Portugal)
Coro Popular de Espinho (Portugal)
Nuevo Mester de Juglária (Espanha)
Muzsikás e Ticiána Kazár (Hungria)
Javier Ruibal (Espanha)
El Cabrero (Espanha)

1995
Banda de Gaitas Xarabal (Galiza)
Grupo de Tocadores de Pedrinhas de Arronches (Portugal)
Grupo de Cantadeiras da A.X. Xiradela de Arteixo (Galiza)
Realejo (Portugal)
Júlio Pereira (Portugal)
Slua Nua (Irlanda)
Yulduz Usmanova (Usbekistão)
Grupo de Zés Pereiras "Os Completos" (Portugal)
Cecile Kayirebwa (Ruanda)

1996
Tuna de Carvalhais (Portugal)
Cramol (Portugal)
Muyeres (Asturias)
Gaiteiros de Lisboa (Portugal)
La Ciapa Rusa (Italia)
Berrogüetto (Galiza)
Njava (Madagascar)
Salif Keita (Mali)
Sainkho (Tuva)
Grupo de Zés Pereiras "Os Vilacondenses" (Portugal)

1997
Conjunto de Cavaquinhos Henrique Lima Ribeiro (Portugal)
Realejo (Portugal)
Luis Pastor (Espanha)
Vieja Trova Santiaguera (Cuba)
Cempés (Galiza)
João Afonso (Portugal)
Uxía (Galiza)
Bisserov Sisters (Bulgária)
Purna das Baul & Bapi (Índia)
Kocani Orkestar (Macedónia)
Tellu Virkkala (Finlândia)
Vasmalom (Hungria)

1998
Os Camponeses de Riachos com Teresa Tapadas (Portugal)
Banda de Gaitas Xarabal (Galiza)
Zeca Medeiros (Portugal)
Oskorri (País Basco)
Maria Kalaniemi & Aldargaz (Finlândia)
Kila (Irlanda)
Vershki da Koreshki (Russia)
Nass Marrakech (Marrocos)
Väsen (Suécia)
Egschiglen (Mongólia)
Maria del Mar Bonet (Catalunha)

1999
Os Camponeses de Pias (Portugal)
Tavagna (Córsega)
Banda da União Seixalense (Portugal)
JPP (Finlândia)
Brigada Victor Jara (Portugal)
Banda Bombeiros Voluntários de Loures (Portugal)
Kepa Junkera (País Basco)
Fanfare Ciocarlia (Roménia)
Yungchen Lhamo (Tibet)
Galata Mevlevi Musik e Sema Ensemble (Turquia)
La Bottine Souriante (Canadá)
Grupo de Cantares Milho Rei (Portugal)
Banda Amizade Visconde Alcácer (Portugal)
Grupo de Zés Pereiras de Passos de Silgueiros (Portugal)
Susana Baca (Peru)
Milladoiro (Galiza)

2000
Gefac (Portugal)
Amélia Muge (Portugal)
Rosa Zaragoza (Espanha)
Grupo de Cantares do Minho
de Pedras Brancas (Portugal)
Nahawa Doumbia (Mali)
Bagad Kemper (Bretanha)
Vá-de-Viró (Portugal)
Hamza El Din (Sudão)
Verd e Blu (Gasconha)
Kroke (Polónia)
Folia (Galiza)
Grupo de Bombos e Zés Pereiras
"Os Completos" (Portugal)
Banda Nova (Portugal)
Grupo de Bombos e Zés Pereiras
"Os Vilacondenses" (Portugal)
Colenso (África do Sul)
Orquestra de Timbilas
Venâncio M'Bande (Moçambique)

2001
Segue-me à capela (Portugal)
Entre Retamas (Espanha)
Danças Ocultas (Portugal)
Carlos Nuñez (Galiza)
Thiarea (Madagascar)
Toto la Momposina (Colombia)
Djivan Gasparyan (Arménia)
Gazhal Ensemble (India/ Irão)
Between Times (Israel/ Palestina)
Luzmila Carpio (Bolívia)
dd Synthesis (Macedónia)
Ardentia (Galiza)
Estrelas do norte Grupo de Bombos (Portugal)
Banda da Sociedade Filarmónica União Seixalense (Portugal)
Os ceifeiros de Cuba (Portugal)
Grupo de Cantares "O Sincelo" (Portugal)
Ida e Volta-Grupo de Bombos (Portugal)
Banda Sociedade Filarmónica de Mira Sintra (Portugal)
Ronda Candeledana (Espanha)
Djamboonda (música africana) (Portugal)

2002
Alexandre Bateiras e João Gomes (Portugal)
Moçoilas (Portugal)
O ó que som tem? (Portugal)
Berrogüetto (Galiza)
Zoè (Itália)
Gjallarhorn (Suécia)
Banda da Sociedade Filarmónica
Timbre Seixalense (Portugal)
As camponesas de Castro Verde (Portugal)
Grupo de Bombos de Santo André (Portugal)
Grupo de teatro O BANDO (Portugal)
Ali Akbar Moradi (Curdistão)
Birol Topaloglu (Laz/ Turquia)
Ulali (E.U.A.)
Marlui Miranda e Camerata Atheneum Ihu todos os sons (Brasil)
Banda Filarmónica da Sociedade Musical Sesimbrense (Portugal)
Pauliteiros de Palaçoulo (Portugal)
Bombos e Zés P'reiras Equipa Espiral (Portugal)
Zurrumalla (Galiza)

Link:
Associação José Afonso


domingo, julho 25, 2010

Project Pitchfork

Uma das bandas que melhor mistura a sonoridade goth com o electro, e que em breve vai fazer a estreia no nosso país (no festival Entremuralhas no Castelo de Leiria), tem um novo álbum de originais na carteira, o 12º da sua já longa carreira. E a julgar pelo novo vídeo, Beholder, a sonoridade mantém-se poderosa e agressiva, trazendo-nos logo à memória hits como o Steelrose ou o Time Killer.

Depois de 2 álbuns semi-falhados (Inferno e Kascade), ou pelo menos longe da qualidade a que nos habituaram, a banda retomou o bom caminho com um belíssimo mini-cd, Wonderland, e um bom álbum, Dream, Tiresias!, e preparam-se agora para assaltar as tabelas indies da Europa com Continuum Ride.

Para os aficcionados, recomenda-se a caixinha que tem um t-shirt, um cd duplo, um DVD, um livro, e mais uns brindes (a minha já vem a caminho), numa edição limitadíssima e que seguramente vai esgotar rapidamente.

Set list:
1. Way Of The World
2. Stacked Visions
3. The Dividing Line
4. Endless Infinity
5. Dead Cities
6. Continuum
7. Beholder
8. Ghosts Of The Past
9. Supersonic Snakebite
10. Star Child
11. 43rd Floor
12. Full Contact

sexta-feira, julho 23, 2010

The Sound

Enquanto não chega o merecido destaque aqui no Grey Age aos The Sound, aqui fica um tema dedicado ao “nosso” Bairro Alto, retirado do álbum Thunder Up, de 1987.


quarta-feira, julho 21, 2010

Bauhaus


O surgimento da banda Bauhaus ocorreu em 1978, na cidade de Northampton, Inglaterra. Os irmãos Kevin Haskins (baterista) e David Jay (baixista e vocalista) pretendiam fazer uma banda com uma sonoridade próxima do punk-rock. Tinham tocado numa banda The Submerged Teeth, mas queriam explorar outras áreas. Juntaram-se a eles Daniel Ash (guitarra, Saxofone, teclado), e Dave Exton, formaram The Craze. A formação ficou completa com a entrada para vocalista de Peter Murphy, um amigo de Daniel Ash, o qual não tinha nenhuma experiência anterior, mas dançava bem, era parecido com Bowie e era uma figura bem carismática.

A dupla Daniel Ash e Peter Murphy deu início às composições. Ao mesmo tempo, os convites incentivavam os rapazes e já com Chris Barber no lugar de David Haskins. Pouco tempo depois, David voltou a ocupar o seu lugar e Chris deixou a banda. Então o nome também foi alterado para Bauhaus 1919. Esta era uma referência à Escola de Arquitectura e Desenho Industrial da Alemanha inaugurada em 1919, e fechada pelos nazistas em 1933. Logo depois, passaram a se chamar Bauhaus. Relativamente ao nome, era uma proposta de vanguarda, em que o expressionismo e outros movimento estéticos também de vanguarda como o dadaísmo e o surrealismo se traduziam nas apresentações, composições e visual da banda. Bela Lugosi’s foi o seu primeiro single, após um ano de carreira. Uma referência à morte do actor Bela Lugosi em 1956. Famoso por interpretar o vampiro Drácula e outros papéis como o de cientista louco em filmes B de terror nos anos 30. A capa do single trazia o cartaz publicitário do filme, e na contracapa foi colocada uma cena de O Gabinete do Doutor Caligari, de 1919. O que contribuiu para que fossem rotulados de góticos. A música, que se tornou talvez a mais conhecida do grupo, virou um verdadeiro clássico, o mais estranho ainda é se levarmos em consideração se tratar de uma composição com mais de nove minutos de duração, portanto proibitiva de ser tocar em rádios. Entretanto, o próprio grupo ressentiu-se com o rótulo de góticos, afinal “Bela Lugosi's Dead” era acima de tudo uma brincadeira com a possibilidade de Bela Lugosi ressucitar do caixão como o vampiro dos filmes. Aliás, a maioria das bandas de estética e proposta similares não se viam como góticas e nem aceitavam esse rótulo, a exemplo do The Cure e Siouxsie and the Banshees. Em palco aliado ao som, o visual da banda era uma coisa única, luzes brancas davam um visual transcedental (mais uma influência do expressionismo) à figura esguia de Peter Murphy.

Em 1980 a banda lançou três singles: Dark Entries, Telegram Sam e Terror Couple Kill Colonel, pela Axis Records. Em Setembro realizaram a primeira apresentação nos Estados Unidos. O primeiro álbum não tardou. O disco In The Flat Field foi um marco decisivo na carreira. Os temas diversificados das músicas incluíam a crucificação de Cristo, como na faixa Stigmata Martyr que conta com citações em latim.

No ano de 1981 Bauhaus mudou de gravadora. A Beggars Baquet contava com uma estrutura de divulgação mais forte e a banda lançou dois singles: Kick in the Eye e Passion of Lover. Logo após o segundo álbum da carreira, denominado Mask. Neste disco, a música de destaque é Of Lillies and Remains, que conta com uma atmosfera surreal. Neste momento ficou evidente o amadurecimento musical dos rapazes ingleses. A popularidade era tanta que no ano seguinte, foram convidados a compor a trilha sonora do filme The Hunger (Fome de Viver), e actuaram ao lado de David Bowie, Catherine Deneuve e Susan Sarandon. Seguem mais dois singles que fortalecem a discografia: Searching for Satori e Spirit.

O primeiro disco ao vivo foi gravado em Londres e chamava-se Press the Eject and Give Me that Tape. O single que trazia a faixa Ziggy Stardust, de David Bowie, confirmou a ascensão que o Bauhaus conseguia a cada lançamento. Ainda em 1982 foi lançado o disco The sky's gone out.

No início de 1983, foi realizada uma turnê pela França, Grécia, Israel e Japão. Mais dois singles foram lançados: Lagartja Nick e She's in Parties. Alguns meses depois, o Bauhaus editaram o álbum Burning from the inside e o fim da banda foi anunciado. David Ash e os irmãos Kevin e David J. Haskins formaram sucessivamente The Love & Rockets, Tones on Tail e Sinister Ducks, grupos com uma proposta mais electrônica. O vocalista Peter Murphy seguiu carreira solo. Logo após, a gravadora lançou uma colectânea intitulada Bauhaus The Singles 1981-1983.

Em 1997 os ex-integrantes reuniram-se e realizaram o disco Live in Studio, para comemorar os vinte anos de Bauhaus. No ano seguinte foi realizada a turnê Ressurrection Tour, que rendeu o disco Crackle. No mesmo ano ainda surgiu mais uma colectânea chamada Gotham. Em 2008 os Bauhaus lançaram um novo álbum de estúdio, Go Away White, que garantiram ser marco final da banda. Entre singles e álbuns, a discografia do Bauhaus contém mais de vinte trabalhos. Porém, os cinco discos lançados quando a banda ainda estava activa, somados aos três lançados em seu breve retorno nos anos 90, mais o último álbum com que culminaram, compõem a base da carreira do Bauhaus.

Discografia
Bela Lugosi's Dead (single, 1979)
Terror Couple Kill Colonel (single, 1980)
In the Flat Field (1980)
Kick In the Eye (single, 1981)
Passion of Lover (single, 1981)
Mask (1981)
Searching for Satory (single, 1982)
Spirit (single, 1982)
Ziggy Stardust (single, 1982)
Press the eject and give me the tape (1982)
The Sky's Gone Out (1982)
Lagartija's Nick (single, 1983)
She's In Parties (single, 1983)
Burning from the Inside (1983)
Singles: 1981-1983 (1985)
1979 - 1983 volume 1(1986)
1979 - 1983 Volume 2 (1986)
1979-1983 (1986)
Swinging the Heartache: The BBC Sessions (1989)
Rest in Peace: The Final Concert (1992)
Live In Studio (1997)
Beneath the Mask (1997)
Crackle (1998)
Gotham (1999)
Go Away White (2008)





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terça-feira, julho 20, 2010

Hirsche Nicht Aufs Sofa



Faixa retirada do álbum "Musik Für Schuhgeschäfte", editado em 1991 na Dragnet Records.

Os Hirsche Nicht Aufs Sofa são por vezes comparados aos Nurse With Wound.

segunda-feira, julho 12, 2010

Achwghâ Ney Wodei

Recuperação para um tema dos Franceses Achwghâ Ney Wodei, que deram cartas no panorama alternativo na década de oitenta do século passado.



Tiveram o seu ponto alto em 1988 com a edição do álbum “Triptyque”

sexta-feira, julho 09, 2010

Shorai - It Was Listening With Mechanical Precision-2010

Primeira incursão na editora germânica Hands, especializada em noise, ambiente e outros estilos emergentes dos atrás referidos.

Este trabalho, o 3º de originais, define estética musical, ou seja o som revela-se puramente inovador e repleto de acções , que nos elevam os sentidos e nos apura para uma atenção mais cuidada no desenrolar do cd.

Este projecto de origem espanhola e de um homem só (Fernando García), gosta do preciosismo musical ou quase perfeccionismo, diríamos que a partir de uma base deconstruída, ele constrói, indo nas comparações por ex: enquanto uns Kraftwerk, constroem e cada vez construíram mais e melhor, Shorai, faz a partir de algo que precisa de uma reconstrução, como atrás referi.

Resumindo, sons precisos, não só na execução como no tempo, cada faixa com 5 minutos de duração e não mais para fazer também jus ao título.

No Trabalho anterior "40 Minutes Into The Future", o cd, tinha mesmo os 40 minutos de duração.Um projecto a seguir numa editora que no género, talvez seja o expoente actual, entretanto outros projectos se seguirão.


quinta-feira, julho 08, 2010

Santos da Casa



Produção nacional. 
Expõe-se o raro e rareia-se o exposto. 
Dos velhos discos do sotão e da cave aos novos mais escondidos. 
Muita música e algumas ideias. 
Novidades, novidades só aqui.

Fausto da Silva e Nuno Ávila, são dois nomes incontornáveis do panorama musical de Coimbra e mais concretamente da Rádio feita em Portugal.

Ambos dedicam parte do seu tempo à divulgação da música feita em Portugal e por portugueses, através do Programa Santos da Casa.

O Santos da Casa atinge este ano a maioridade, está no ar desde 1992, emitido na Rádio Universidade de Coimbra, todos os dias às 19:00H em 107.9FM ou online em ruc.pt/emissao.php.

A RUC – Rádio Universidade de Coimbra, começou a debitar sons em meados de 1986. Fausto da Silva já por lá trabalhava, com o Programa “Canto Lusitano”, enquanto que Nuno Ávila entrou para a RUC em meados de 1989, sendo que, na altura, Nuno Ávila divulgava a música portuguesa através da sua fanzine “Luso Mania”. Nessa altura proliferavam os Concursos de Música Moderna, Coimbra e com organização da RUC também teve o seu e em duas edições, 1988 e 1989.

O Santos da Casa é mais do que um Programa de Rádio, é uma referência na divulgação da música portuguesa, graças ao esforço e dedicação dos seus autores. A par de Programa de Rádio, surge também como organizador de eventos. Anualmente organiza o Festival Santos da Casa, que em 2010 contou com a 12.ª edição.

Em 1998, surgiu nos escaparates com edição da Coimbra B - Eventos Musicais, uma compilação simplesmente denominada “Santos da Casa” e que inclui os seguintes projectos: Hand Puppets, Overdrive, Kiute Loss, Hornet; Bubbles, Kafka, Overbliss, Everground, Phase, Bigo, Orange, Delacroix, More Republica Masonica, Raindogs, Mártir, Squeeze Theeze Pleeze, Megafone, Rosenkranz e Cello.



Segue uma breve "conversa" com Nuno Ávila.


Grey Age: Ainda te lembras da 1.ª emissão do Santos da Casa?
Nuno Ávila: Já não. Passaram já muitos anos.

GA: E surgiu porquê?
NA: Surgiu com o intuito de divulgar os sons nacionais. Foi criado pelo Fausto Silva. Eu entrei em 1994.

GA: I Mostra de Música Moderna – Coimbra 88, recordas esses tempos?
NA: Claro que sim. Passaram por Coimbra grandes bandas. Alguns destes músicos continuam a dar cartas no panorama da musica nacional. Foi pena a terceira edição ter ficado a meio, por alguns patrocinadores terem fugido com o rabo à seringa.

GA: Conta-nos um episódio marcante nesta já longa vida do Santos da Casa?
NA: Existem tantos! Se calhar o que marca mais este programa é o reconhecimento que ele tem sem muitas vezes darmos por ela.

GA: Fala-me da edição do CD "Santos da Casa"?
NA: A ideia surgiu naturalmente. Era para ter apenas 12 bandas, pois a RUC fazia 12 anos. Lançou-se um concurso. A meio do processo surgiu a ideia de completar o espaço restante do CD com bandas convidadas. Temos verdadeiras pérolas neste CD entre concorrentes e convidados. O tema dos More Republica Masónica é inédito. João Aguardela com Megafone escreveu um tema em exclusivo e que não está em mais lado nenhum. Corsage estrearam-se em disco aqui. Evergraund tinha na sua formação a actual voz dos Les Baton Rouge, Orange era o projecto do Paulo Gouveia, o Gomo. Alguns elementos dos Bubbles fazem hoje parte de Norton. Como se comprova um disco fundamental (modestia à parte). 
Temos a honra de este disco estar referido no livro, edição da FNAC, "Duzentos e Trinta e um Discos para um percurso pela musica urbana em Portugal - 1960/2005". Escolhas feiras por Henrique Amaro, Jorge Mourinha e Pedro Félix.

GA: E o "Festival Santos da Casa", fala-me um pouco destas 12 edições.
NA: Surgiu com a finalidade de mostrar a Coimbra as bandas que o programa e o blog divulgam, tentando sempre trazer à cidade grupos que cá tocam pela primeira vez.
Foi assim com Fat Freddy, Gomo, Loto, Sam The Kid, Linda Martini, U-Click, Paus, Anaquim (que se estrearam ao vivo no nosso festival) entre tantas outras bandas. Verdadeiras apostas. Corre-se o risco. As sementes dão fruto e muitas das bandas já voltaram a tocar em Coimbra muitas vezes, passando até por a Queima das Fitas.
Hoje o festival decorre em vários espaços diferentes, tentando nós aproveitar as portas que nos são abertas e criando assim um festival  diferente.

GA: Quantas bandas já terão os Santos da Casa divulgado?
NA: Que pergunta tão difícil. Milhares...

GA: E em relação a ouvintes, nesta altura em que a net toma conta das nossas vidas, ainda há quem resista e oiça rádio? Quais as diferenças no feed-back em 1992 e 2010?
NA: Continuamos a ter ouvintes felizmente, se não já tínhamos  feito as malas e partido. Contudo, a net é importante e foi por isso que criamos o nosso blog em 2003 que tem posts diários desde então. E é por isso que nos "infiltramos" nas redes sociais. O objectivo é sempre o mesmo: divulgar a musica portuguesa. Mas sim, como disse, ainda temos ouvintes e o feed-back continua ser bom e o trabalho compensador.

GA: Até quando o Santos da Casa?
NA: Até sentirmos que este nosso trabalho é importante e que a nossa ajuda na divulgação é válida. Se houver uma pessoa do outro lado nós cá estaremos!

Contactos:
Apartado 4053, 3031-901 Coimbra 


Na internet:
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