quinta-feira, julho 08, 2010

Santos da Casa



Produção nacional. 
Expõe-se o raro e rareia-se o exposto. 
Dos velhos discos do sotão e da cave aos novos mais escondidos. 
Muita música e algumas ideias. 
Novidades, novidades só aqui.

Fausto da Silva e Nuno Ávila, são dois nomes incontornáveis do panorama musical de Coimbra e mais concretamente da Rádio feita em Portugal.

Ambos dedicam parte do seu tempo à divulgação da música feita em Portugal e por portugueses, através do Programa Santos da Casa.

O Santos da Casa atinge este ano a maioridade, está no ar desde 1992, emitido na Rádio Universidade de Coimbra, todos os dias às 19:00H em 107.9FM ou online em ruc.pt/emissao.php.

A RUC – Rádio Universidade de Coimbra, começou a debitar sons em meados de 1986. Fausto da Silva já por lá trabalhava, com o Programa “Canto Lusitano”, enquanto que Nuno Ávila entrou para a RUC em meados de 1989, sendo que, na altura, Nuno Ávila divulgava a música portuguesa através da sua fanzine “Luso Mania”. Nessa altura proliferavam os Concursos de Música Moderna, Coimbra e com organização da RUC também teve o seu e em duas edições, 1988 e 1989.

O Santos da Casa é mais do que um Programa de Rádio, é uma referência na divulgação da música portuguesa, graças ao esforço e dedicação dos seus autores. A par de Programa de Rádio, surge também como organizador de eventos. Anualmente organiza o Festival Santos da Casa, que em 2010 contou com a 12.ª edição.

Em 1998, surgiu nos escaparates com edição da Coimbra B - Eventos Musicais, uma compilação simplesmente denominada “Santos da Casa” e que inclui os seguintes projectos: Hand Puppets, Overdrive, Kiute Loss, Hornet; Bubbles, Kafka, Overbliss, Everground, Phase, Bigo, Orange, Delacroix, More Republica Masonica, Raindogs, Mártir, Squeeze Theeze Pleeze, Megafone, Rosenkranz e Cello.



Segue uma breve "conversa" com Nuno Ávila.


Grey Age: Ainda te lembras da 1.ª emissão do Santos da Casa?
Nuno Ávila: Já não. Passaram já muitos anos.

GA: E surgiu porquê?
NA: Surgiu com o intuito de divulgar os sons nacionais. Foi criado pelo Fausto Silva. Eu entrei em 1994.

GA: I Mostra de Música Moderna – Coimbra 88, recordas esses tempos?
NA: Claro que sim. Passaram por Coimbra grandes bandas. Alguns destes músicos continuam a dar cartas no panorama da musica nacional. Foi pena a terceira edição ter ficado a meio, por alguns patrocinadores terem fugido com o rabo à seringa.

GA: Conta-nos um episódio marcante nesta já longa vida do Santos da Casa?
NA: Existem tantos! Se calhar o que marca mais este programa é o reconhecimento que ele tem sem muitas vezes darmos por ela.

GA: Fala-me da edição do CD "Santos da Casa"?
NA: A ideia surgiu naturalmente. Era para ter apenas 12 bandas, pois a RUC fazia 12 anos. Lançou-se um concurso. A meio do processo surgiu a ideia de completar o espaço restante do CD com bandas convidadas. Temos verdadeiras pérolas neste CD entre concorrentes e convidados. O tema dos More Republica Masónica é inédito. João Aguardela com Megafone escreveu um tema em exclusivo e que não está em mais lado nenhum. Corsage estrearam-se em disco aqui. Evergraund tinha na sua formação a actual voz dos Les Baton Rouge, Orange era o projecto do Paulo Gouveia, o Gomo. Alguns elementos dos Bubbles fazem hoje parte de Norton. Como se comprova um disco fundamental (modestia à parte). 
Temos a honra de este disco estar referido no livro, edição da FNAC, "Duzentos e Trinta e um Discos para um percurso pela musica urbana em Portugal - 1960/2005". Escolhas feiras por Henrique Amaro, Jorge Mourinha e Pedro Félix.

GA: E o "Festival Santos da Casa", fala-me um pouco destas 12 edições.
NA: Surgiu com a finalidade de mostrar a Coimbra as bandas que o programa e o blog divulgam, tentando sempre trazer à cidade grupos que cá tocam pela primeira vez.
Foi assim com Fat Freddy, Gomo, Loto, Sam The Kid, Linda Martini, U-Click, Paus, Anaquim (que se estrearam ao vivo no nosso festival) entre tantas outras bandas. Verdadeiras apostas. Corre-se o risco. As sementes dão fruto e muitas das bandas já voltaram a tocar em Coimbra muitas vezes, passando até por a Queima das Fitas.
Hoje o festival decorre em vários espaços diferentes, tentando nós aproveitar as portas que nos são abertas e criando assim um festival  diferente.

GA: Quantas bandas já terão os Santos da Casa divulgado?
NA: Que pergunta tão difícil. Milhares...

GA: E em relação a ouvintes, nesta altura em que a net toma conta das nossas vidas, ainda há quem resista e oiça rádio? Quais as diferenças no feed-back em 1992 e 2010?
NA: Continuamos a ter ouvintes felizmente, se não já tínhamos  feito as malas e partido. Contudo, a net é importante e foi por isso que criamos o nosso blog em 2003 que tem posts diários desde então. E é por isso que nos "infiltramos" nas redes sociais. O objectivo é sempre o mesmo: divulgar a musica portuguesa. Mas sim, como disse, ainda temos ouvintes e o feed-back continua ser bom e o trabalho compensador.

GA: Até quando o Santos da Casa?
NA: Até sentirmos que este nosso trabalho é importante e que a nossa ajuda na divulgação é válida. Se houver uma pessoa do outro lado nós cá estaremos!

Contactos:
Apartado 4053, 3031-901 Coimbra 


Na internet:
Blog
Myspace
Facebook



2 comentários:

  1. Sem duida um trabalho interessante na divulgação de musica portuguesa e com destaque para alguns projectos interessantes, feitos por cá.
    Num país onde 90% ou mais da rádio é má, mesmo muito má, ex:, radios regionais etc, por aí adiante, haja algo que depois de filtrado, consiga-se extrair algumas coisas boas, como éo caso.

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  2. Obrigado António por este artigo!

    Há um campo verdadeiramente vasto por explorar na nossa música. Não só na MMP mas também na música tradicional, principalmente aquela que tem um trabalho de reinterpretação. Penso que a AÇOR, de Emiliano Toste, tem feito um bom trabalho neste campo, onde surgiram os Galandum Galundaina e Diabo A Sete. Os primeiros estão ligados à Galandum Galundaina Associação Cultural (GGAC) que juntamente com a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) organizam o festival "L BURRO I L GUEITEIRO". A PéDeXumbo é outra Associação, esta ligada, entre outras, a um sempre bom "ANDANÇAS".

    Tivemos na televisão, que me lembre recentemente, o Km-0 na RTP2 que infelizmente pouco durou. A Divergências.com chegou a ter um programa na RTPN, há uns anos, que se tornou para mim uma referência no conhecer a música que por cá se faz.

    Tirando o clássico "Cantos da Casa", na Antena 1, não conheço mais programas que continuem a lutar contra o marasmo da divulgação da música nacional.

    Parabéns ao programa "Santos da Casa". Passará a ter mais a minha atenção.

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