sexta-feira, julho 30, 2010

The Go-Betweens

É ainda com muita saudade que nos lembramos de Grant McLennan, fundador de uma das melhores bandas pop de sempre, os The Go-Betweens. Nasceram na distante Austrália, terra já habituada a grandes excelentes (The Church, Triffids, Nick Cave, etc.).

Vi-os pela primeira vez em 1989, na Estufa Fria, num concerto memorável mas prejudicado pelo deficiente som e acústica da sala. 14 anos depois voltei-os a ver no Garage num concerto que me encheu completamente as medidas e que inclusive deu para travar conhecimento com todos os elementos da banda, que eram de uma simpatia extrema.

Lembro-me ainda de nos anos 80 andar a comprar por atacado os discos da banda em Espanha, já que era impossível arranjá-los por cá...

Biografia e discografia:

Os primeiros passos da banda foram dados ainda nos anos 70, com 3 singles entre 1978 e 1980, Lee Remick, People say e I need two heads.

Os anos 80 começam com mais um single, Your turn, my turn, sendo este o primeiro registo vídeo da banda.



Em 1982 a banda lança mais um single, Hammer the hammer, logo seguido do álbum Send me a lullaby, muito aclamado pela crítica.

1983 traz-nos o álbum Before Hollywood, e os singles Mansand to girlsea e Cattle and cane. Este último é um dos muitos pontos altos da banda e uma melhores faixas dos Go-Betweens. Vale a pena ver e rever o vídeo.



Apesar de ser de 1983, o single Mansand to girlsea faz a apresentação do álbum de 1984 Spring Hill Fair. Este álbum deu-nos ainda mais 2 singles, Part Company e este Bachelor Kisses.



Não obstante a grande qualidade do seu trabalho, o sucesso comercial ficou aquém do esperado, pelo que a banda fez então uma pausa de 2 anos, lançando apenas uma compilação, Metal and Shells, e 2 EP´s, The Able Label Singles e The Peel Sessions.

1986 é um ano de viragem. Com o lançamento do álbum Liberty bell and the black diamond express, e especialmente dos singles Spring rain e Head full of steam, finalmente tornam-se conhecidos no meio mais mainstream. O álbum tinha ainda belíssimas faixas tais como In the core of the flame, ou the wrong road, que sempre fizeram delirar o público nos concertos dos Go-Betweens.





Em 1987 chega aquele, que na opinião dos fans, é o melhor trabalho da banda, Tallulah. Praticamente cada música do álbum poderia dar por si só um single. Faixas como Right Here, You tell me, The house that Jack Kerouac built, Bye bye pride ou The Clarke sisters são do mais divinal que a pop já fez. Era dificil no meio de tanta coisa boa escolher os singles a sairem deste álbum. Foram eles Right here, Cut it out, I just get caught out e Bye bye pride.

Por curiosidade, The house that Jack Kerouac built foi a última música que os The Go-Betweens tocaram em Portugal, a pedido especial do público (o Grant McLennan confessou-me mais tarde que esta música não estava sequer prevista no alinhamento do concerto).





Depois de lançarem uma obra prima como Tallulah, as expectativas ficaram muito elevadas. E que fizeram os Go-Betweens? Simplesmente lançaram um álbum com a mesma genialidade, aliando-o ainda ao sucesso comercial. O álbum foi o 16 lovers lane, considerado pela maioria das revistas da especialidade como o melhor disco de 1988. Quem não se lembra de músicas como as que resultaram nos singles Streets of your town, Was there anything I could do? e Love goes on!. Foi por esta altura que vieram pela primeira vez a Portugal, enchendo a sala da Estufa Fria.







Depois de todo este sucesso, a banda decide então acabar e os seus elementos dedicarem-se aos seus projectos a solo, apenas com sucesso relativo. São lançadas algumas compilações, 1978 to 1990 e Bellavista terrace, e álbuns ao vivo, Live on SNAP with DeirdreDonaghue e 16 lovers lane acoustic demos edição rarissima da revista francesa Les Inrockuptibles), e ainda um documento importante, '78 til '79: the lost album, com as primeiras faixas gravadas pelos Go-Betweens.

Em 2000 os The Go-betweens reunem-se para um segundo fôlego. Lançam o belíssimo álbum The friends of Rachel Worth e os singles Going blind e Surfing magazines. Vêm ainda a Portugal apresentar uns prémios de música tocando essas 2 músicas mais o magnífico The clock.



2003 traz-nos a os Go-Betweens de volta a Portugal e mais um álbum, por sinal o menos conseguido na carreira deles. Foi o Bright yellow bright orange e deu-nos o single Caroline and I.



Finalmente em 2005 a banda lança o último álbum de originais, Oceans apart, recuperando algum do brilho angariado anteriormente. Saíram mais 2 singles, Finding you e este Here comes a city.



Antes da banda dar por concluída as suas actividades com a morte do Grant McLennan, ainda houve tempo para o lançamento de mais um álbum ao vivo, Live in London, um DVD, That stripped sunlight sound (fabulosa peça para coleccionadores), e o single Worlds Apart EP.

E assim terminou uma das mais brilhantes bandas pop de sempre...

Álbuns:
Send Me a Lullaby (1982)
Before Hollywood (1983)
Spring Hill Fair (1984)
Liberty Belle and the Black Diamond Express (1986)
Tallulah (1987)
16 Lovers Lane (1988)
The Friends of Rachel Worth (2000)
Bright Yellow Bright Orange (2003)
Oceans Apart (2005)

Compilações:
Very Quick on the Eye (1981/2002)
Metal and Shells (1985)
1978–1990 (1990)
Bellavista Terrace: Best of The Go-Betweens (1999)
78 'til 79 the Lost Album (1999)

Álbuns ao vivo:
Live on Snap with Deirdre O'Donoghue (1999)
Live in London (2005)
That Striped Sunlight Sound Live CD/DVD (2006)

EP´s e singles:
Lee Remick (1978)
People Say (1979)
I Need Two Heads (1980)
Your Turn, My Turn (1981)
Hammer the Hammer (1982)
Cattle and Cane (1983)
Man O'Sand to Girl O'Sea (1983)
Bachelor Kisses (1984)
Part Company (1984)
The Able Label Singles (1986)
Spring Rain (1986)
Head Full of Steam (1986)
Right Here (1987)
Cut It Out (1987)
I Just Get Caught Out (1987)
Bye Bye Pride (1987)
Streets of Your Town (1988)
Was There Anything I Could Do? (1988)
Love Goes On! (1988)
The Peel Sessions (1989)
Going Blind (2000)
Surfing Magazines (2001)
Caroline and I (2003)
Here Comes a City (2005)
Finding You (2005)
Worlds Apart (2005)

6 comentários:

  1. Muito bem o artigo André, sem dúvida uma grande banda, esse da Estufa fria, realmente o som não estava grande coisa, mas gostei, simples, como a própria banda, mas ok.

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  2. Foram uma das bandas do meu imaginário que nunca vi ao vivo.
    Um óptimo artigo para quem queria conhecer-lhes a história, e muito merecem eles.
    The Go-Betweens são, para mim, mais uma daquelas bandas que alegram a alma, pela beleza e simplicidade, sempre em "good mood"...

    O João Bonifácio, crítico de música do Publico, relembrava há uns dois anos, que os TGB tinham uma predilecção por títulos de albuns onde apareciam palavras com dois "L's".
    Fica a curiosidade, vale o que vale.

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  3. Parabéns pelo post completíssimo. Já aprendi mais umas coisas ehehe E aquele "Cattle and Cane"... :)

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  4. fabuloso, não é...

    Hoje estive na fnac com a colectânea de Durutti Column e prestes a comprar. Mas por 25 euros mais vale mandar vi-la de fora... Curiosamente a ultima faixa é aquele Requiem for Mother... :)

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  5. Não me digas???? Olha que nem eu, nem mais ninguém tinha reparado... E nos próximos tempos irá haver mais. Só para te chatear, mas não digas a ninguém...

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  6. Gostei muito de ler o teu texto, André . os Go-Betweens sao de factos excelentes, conheci-os em 88 pouco tempo depois do Tallulah estar ca fora..Com muita pena minha nao tive oportunidade de os ver ao vivo, shame on me.. Juntamente com os magníficos Triffids, tambem Australianos, os The Go-Betweens sao o melhor exemplo de como fazer canções pop perfeitas, sem espinhas, sem excessos e sem manias... Grande banda!! Veleu ;)
    Filipe

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