Pese embora a abundância de bandas de irrefutável qualidade no Palco Alma, arriscaria a dizer que com os suecos Arcana atingiu-se um dos seus apogeus e um dos pontos altos do festival. Banda de inspiração neoclássica fundada em 1993, dirigida por Peter Bjärgö, seu mentor, exibiu um reportório de sonoridades diversificadas, sustentadas num instrumental eclético, que junta múltiplas culturas artísticas. Era um dos concertos mais aguardados para uma imensa maioria da audiência daquele festival e não defraudou expectativas.
Viveu-se um momento mágico no Castelo de Leira, na última noite desta temporada. Os sons vindos de outras eras, medievais com ressonâncias românticas, espalharam-se por entre as ameias centenárias e o público ávido, devidamente aperaltado para a ocasião, criando uma atmosfera solene e emprestando identidade a um festival em crescendo.
Musicalmente foi inevitável ao ouvir Arcana, vir à lembrança os grandes Dead Can Dance, uma influência visível na sonoridade da banda, e, recordarmos de algum modo, também o concerto de Ataraxia no ano passado.
Destaque para Ann-Mari Thim, figura feminina principal da banda, detentora de uma voz fora de série, com entoadas líricas, evidenciando encantos, que deram lugar a apartes masculinos a fazer-se ouvir por entre o público.
Cecilia, ou IA Bjärgö, como é mais conhecida, companheira de Peter Bjärgö , para além de fazer parte do coro, é a porta voz da banda. E que bem que o faz! Um poder de comunicação notável que conseguiu transformar pequenos impasses, como na altura da escolha de um encore, num concerto acolhedor e familiar. Criando um clima intimista revelou sentido de humor estabelecendo elos de aproximação com o público.
Sorte de quem lá esteve neste concerto exclusivo para o Festival Entremuralhas, e único que Arcana realizou este ano.
Todo o evento, com uma diversidade de propostas deu lugar, numa ambiente algo místico, a largo convívio e muita farra, onde sempre imperou o civismo e respeito pelo natureza e pelo património cultural.
Um misto de contentamento e tristeza, prestes a culminar a ronda nos caminhos intemporais, envolveu os espíritos. O Entremuralhas já é uma “peregrinação” anual (voluntária) de uma cultura e de uma estética alternativa, sendo o castelo de Leiria o seu santuário.
Um festival que ficará para a história.
Texto e fotos: Manuela
Excelente artigo. Sem dúvida o melhor concerto do festival
ResponderEliminarBonito Post e um dos momentos mais bonitos do Festival.Mágico.
ResponderEliminarNice! Para ver, ouvir e ficar todo roído.
ResponderEliminar:)
Obrigada;) Caeiro tenho a certeza de que também terias apreciado muito.
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