quarta-feira, junho 30, 2010

Dif Juz - Extractions

Os Dif Juz formaram-se no ano de 1980, em Londres. Tinham como figuras principais os irmãos Curtis, Alan e David, ambos na guitarra. No baixo Gary Bromley e Richard Thomas na bateria, percussão e saxofone (penso ter visto imagens ainda com trompete e clarinete mas sobre isso já não tenho certezas).

O seu primeiro trabalho surge no início de 1981 com o EP Huremics , seguido mais tarde nesse ano de outro EP, Vibrating Air. Ambos 12" saíram com o selo da 4AD. Numa passagem temporária pela RED FLAME criaram um mini-lp, Who Says So?. Em 1985 retornam à 4AD, onde editariam este excelente LP: Extractions .

Não é certo que, tal como publicado em alguns sites pela internet, "DIF JUZ" derive de um trocadilho com "Different Jazz". Mas independentemente se o nome derivará daí ou não, é mais nesse campo que a sua sonoridade instrumental vagueia.

Extractions abre com "Crosswinds", composição que aparece como apresentação da corrente por onde o grupo pretende trilhar o seu caminho de uma forma mais madura em relação aos EP's anteriores. Este é, afinal, o seu primeiro (e único) longa-duração da banda. "A Starting Point" é isso mesmo, um aviso de "here we go!" para o que vamos ouvir pela frente. Dinâmica, criatividade, e uns cheirinhos a Jam sessions , como quem toca com alegria.
Todos se divertem, nas várias músicas que se seguem, sem nunca perderem a coerência e harmonia de quem sabe o que está a fazer.

"A Starting Point", "Echo Wreck" e "Twin & Earth" são as minhas preferências à qual junto o único tema melancólico (que no vinil abria o lado 2) "Love Insane", com a participação de Liz Fraser, o único tema sem ser exclusivamente instrumental.

Na edição em CD, para além dos 9 temas do vinil, aparecem as faixas extra "Gunet", "Soarn", "Hu" e "Re", todas dos EP's de 1981.

Considero-o um album de referência pela diferença, qualidade e oposição ao rótulo de "depressiva" à música de vanguarda, ao som da frente (expressões da época).

Mesmo considerando a editora que os acolheu, a 4AD, continuo a achar que eram anacrónicos, fora do seu tempo e de qualquer tipo de etiqueta que se lhes quisessem colar. Alguns comparavam-nos a Cocteau Twins, mas os caminhos estão a léguas um do outro. Talvez se ficasse pelo parecer superficial do ambiente criado pelas guitarras, muito Guthrie é verdade, não tivesse sido este o produtor do album, mas tirando essa sonoridade nada mais há em comum.
Dif Juz era parecido com Dif Juz. Ponto.

Podem ouvir o album completo aqui .





Os Dif Juz teriam o seu canto do cisne no final de 1985, com a gravação da sua melhor obra, "No Motion", produzido por Guthrie e pelos próprios Dif Juz, para a colectânea da 4AD Lonely Is An Eyesore.

Há notícias de gravações posteriores, que Guthrie misturou e tentou que fossem editadas, mas ao que se sabe nunca chegaram a ver a produção.

Em 1986 foi editado Out Of The Trees, que compilava os dois primeiros EP's.
Em 1999 saiu o último registo, Soundpool, que pouco mais é do que a edição de Out Of The Trees à qual é acrescentada a música "No Motion".

Em relação aos membros da banda, tenho uma preferência especial por Richard Thomas, o mais versátil, pelo forma como tocava e dava um toque com cheirinho a Jazz na bateria, não raramente parecendo haver espaço para a improvisação. Penso que se podem encontrar similaridades no experimentalismo do primeiro album de The Wolfgang Press, The Burden of Mules , do qual Richie fez parte. Colaborou ainda no final de 1985 no album The Moon and The Melodies, album de Harold Budd, Liz Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde, mais tarde com os Cocteau Twins em Victorialand, e novamente com os TWP no album Queer.

Os Curtis colaboraram também no album Filigree & Shadow do projecto This Mortal Coil.

O que sobressai no fundo, em Extractions, é o espírito "In Joy"!

Mais informações:

4AD

MYSPACE

5 comentários:

  1. Na 2ª decidi recuperar a 'No Motion' na Zero por acaso e soube mesmo bem ler esta retropectiva aqui agora. :)

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  2. Ainda há pouco tempo estive a ouvir (relembrar) este álbum.
    Uma boa escolha e um bom texto.

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  3. Sem duvida Pedro um bom texto e uma banda que sempre produziu trabalhos agradáveis.

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  4. O texto é uma visão pessoal e de memória das vivências da época, como prefiro dar, sem entrar aprofundadamente na história da banda. Proliferam por sites teorias sobre o motivo que levou à dissolução da banda e outras novelas. O texto não pretende, também, ser uma retrospectiva da banda com a respectiva discografia completa. Deixei apenas o principal, penso eu, para não perder o objectivo do artigo que é um album específico dos Dif Juz. Coloquei como etiqueta o ano dado que pretendo fazer "artigos de opinião" sobre a qualidade que se produziu na década de oitenta e penso ser interessante comparar caminhos e momentos tão distinctos entre várias bandas num mesmo ano.

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  5. Parabéns pela escolha e pelo texto que, de uma forma muito objectiva, espelha a tua opinião pessoal sobre a banda.

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